Justiça faz 1ª audiência do ‘caso Malu’
Amigos e colegas de trabalho da defensora pública Maria Luiza Coelho, a Malu, que morreu após ser submetida à cirurgia estética, estiveram ontem no Fórum Sobral Pinto acompanhando a primeira audiência do cirurgião plástico Henrique Schiaveto.
O cirurgião é acusado de ser o responsável pela morte da defensora, ocorrida dois dias depois de passar por uma lipoaspiração e cirurgia para sustentação dos seios, ambas realizadas em janeiro do ano passado. Pesa contra ele a denúncia pelo crime de homicídio duplamente qualificado oferecida à Justiça pelo Ministério Público.
A mobilização ocorreu na entrada da 7ª Vara Criminal, onde a audiência foi realizada. A foto da defensora e a mensagem “A luta por justiça continua” estavam estampadas nas camisas pretas usadas pelo grupo.
“Nós não podemos esquecer a memória da nossa colega Maria Luiza e lastimar como ela partiu. Essa manifestação silenciosa é uma forma de a Defensoria Pública mostrar a indignação com o que aconteceu. Foi feito o inquérito e surgiu uma ação penal. E se o MP apresentou denúncia, é porque há indícios de imperícia, negligência profissional, então que seja feita justiça”, destacou o defensor público Antônio Avelino.
A audiência começou pela manhã e prosseguiu até início da tarde. O juiz Breno Coutinho ouviu as testemunhas de defesa e de acusação arroladas no processo. Henrique Schiaveto acompanhou a oitiva desde o início. Tanto ele como seu advogado preferiram não falar com a imprensa.
Conforme o Tribunal de Justiça, das oito testemunhas apontadas pelo MP, apenas duas pediram para não serem ouvidas. Dentre elas está o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Roraima, Wirlande da Luz. O motivo alegado para a ausência seria a realização de atividades profissionais durante a manhã.
A defesa do médico também arrolou oito testemunhas, mas somente duas compareceram ontem à audiência. Dois faltosos justificaram que não estavam no Estado. Diante disso, o juiz concedeu prazo de cinco dias para a defesa se manifestar quanto à desistência das testemunhas ou apresentar novas.
Caso outras testemunhas sejam arroladas, Breno Coutinho informou que outra audiência será designada para este mês para que as pessoas sejam ouvidas. Está previsto também para ocorrer no mesmo dia o interrogatório de Schiaveto.
A intenção do titular da 7ª Vara Criminal é finalizar essa fase de instrução do processo ainda durante o mês de fevereiro. Depois, o processo será aberto para as alegações finais e volta para o juiz decidir pela pronúncia ou não do acusado.
O CASO - Após complicações ocasionadas pelo procedimento estético, Maria Luiza Coelho, mais conhecida por Malu, morreu no dia 7 de janeiro. Ela atuava na Defensoria Pública do Município de Rorainópolis, sul do Estado.
Segundo as investigações, Henrique Schiaveto teria realizado a cirurgia plástica na vítima sem o devido acompanhamento de médico cirurgião auxiliar, assumindo, desse modo, o risco de causar dano à vida da paciente.
O fato de o médico ter dado alta à paciente sem levar em consideração o estado de saúde que apresentava no momento, quando a pressão estava alta e ela sentia muitas dores, também foi pontuado na denúncia apresentada a Justiça.
O atestado de óbito de Maria Luiza registrou como causa da morte lesões viscerais provocadas por cirurgia plástica da região tronco-abdominal e septicemia (infecção generalizada).
O médico chegou a cumprir prisão cautelar de 30 dias e foi solto após o vencimento do prazo de detenção, em fevereiro do ano passado. Ele ficou recluso no Comando de Policiamento da Capital e depois chegou a ser transferido para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Fonte: FolhaBV